segunda-feira, 2 de maio de 2011

Fica Jesus, volta Noé!

ou: uma semana depois de um dos maiores espetáculos aquáticos do Rio de Janeiro
Bem caro(s) leitor(s). Como diria o narrador do 24H, the following takes place between 9 p.m and 3 a.m da segunda-feira passada. Um dia chato e monótono pra uns e um dia chato e agitado pra outros, principalmente quando a intensidade da chuva que por ventura cai dos céus é ligeiramente maior que a chuva artificial que é provida pelos aparelhos condicionadores de ar, sensação esta que pode ser apreciada durante uma tranquila caminhada pelo centro da cidade. Eis então que termina o treino nosso de cada segunda, quarta e sexta, por volta das 20:55h. Uma voz então me questiona: "E aí doutor, vamos embora nessa chuva mesmo??". E então eu respondo: "Vamos, está chovendo fraco!".
E realmente estava, até mais ou menos a central do Brasil. Chegando ali na Praça da Bandeira, já me sentia no Rio Water Planet (se estivesse alguns graus celsius abaixo seria mais legal, me sentiria no Holiday on Ice). O ônibus só suportou ir até o Cefet, onde paramos e assistimos uma cadeira e sacos de lixo disputando uma emocionante corrida na correnteza do rio Maracanã. Foi mais legal que as atuais corridas de F1. Estava chovendo tão forte, que nem os maluquinhos que brotam do bueiro pra vender guarda-chuva deram as caras. Alguns já se sentiam em casa: o motorista tirou os sapatos e o cinto, um passageiro bocejava repetidamente emitindo sons esdrúxulos e outro indivíduo já fora atender os chamados da natureza na porta de trás do ônibus. Tinha até uma mulher com crise de rins que parecia aquela retirante nordestina interpretada pela Susana Vieira naquela novela que se chamava "senhora do destino". Acreditem, ela ligou para os bombeiros para solicitar uma ambulância. Você acha que eles vieram? ( ) sim ( ) não
Depois de algum tempo de tédio dentro do ônibus, os crackudos de São Cristovão, conscientes de sua resposabilidade social, começaram a aparecer esporadicamente para nos entreter. Me senti no filme "Eu sou a lenda" ou em "Zombieland", sei lá. Alguns quase caiam no rio (HA-HA-HA), outros pareciam não terem ainda tomado consciência de que estavam se deslocando dentro d'água. Não sei se já estava delirando de fome, mas me recordo que um deles gritou "BRAAAAINS!". Falando em fome, naquele dia eu não havia almoçado, mas sim comido apenas um salgado na cantina da Uerj e feito um lanche em casa antes de sair em direção ao Centro. Já estava, portanto, há mais de 5h sem comer e beber água, o que por acaso me fez recordar os ensinamentos do filme "Vivos". Comecei então a manjar a gordinha, pois canibalismo já era um opção bastante plausível. E foi então que encontrei a iluminação e parei de achar um absurdo o fato de as vezes um arqueiro derrotar um tanque no Civilization IV. Por exemplo, um cavalo ganharia facilmente de um carro nesse alagamento! Mas cadê que passava um cavalo? Nessas horas não passa nem um cavalo! A única salvação seria um desses animais, estava certo disso.. Nunca senti tanta falta do faísca e do pé-de-pano...

Depois de 3 horas dentro do ônibus, já estava me sentindo como os mineiros chilenos. Mas felizmente as esperanças se renovaram cerca de 1h depois, quando o nível da água começou (lentamente) a baixar. Quando desci do ônibus, 2h depois, tive a maior decepção da minha vida. Não ganhei um Ipod de presente do Steve Jobs, nem um óculos de sol da Osklen. Por outro lado, 8 horas sem comer teve seu lado compensador. Nunca comi tão bem pagando tão pouco: miojo com sardinha, milho e cebola! HuMMmm! O prato mais gostoso da minha vida!
Queria saber o que aconteceu dessa vez com o cara que chamou o Sérgo Cabral de cara de tartaruga (hahaha) na enchente do ano passado. Deve ter infartado. 
                                  Acho que dessa vez ele não resistiu....

Mais um ano se passou e nada foi melhorado. Do jeito que as coisas andam (ou melhor, nadam) no Rio de Janeiro, acho que a prefeitura deveria lançar a campanha "Fica Jesus, volta Noé"... E o que resta aos cariocas?!? Ir até o Procon e abrir uma queixa contra a "fundação cacique cobra coral". A moral da história é que o Rio de Janeiro não tem condições de sediar nem minha volta pra casa...

2 comentários:

  1. HAHAHAHAHA
    a parte do Zombieland foi a melhor
    UAhuHAUhuAHAhAUHAuha

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  2. hahaha.. nao tem como ver esse bando de vagabundos viciados e não associar a zumbis...

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